domingo, 7 de agosto de 2011

Ai que me cais: haicais

1.
Prazer fugaz.
Em um segundo,
acaba meu gás

2.
Tudo que não mata
machuca
pra caralho

3.
Porra,
para a zorra
corra!

4.
telefone chamando
tu... ... tu... ... tu... ...
meu coração
tum tum tum
se ela atender
tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

5.
Na dança, pisei no teu pé
No papo, enchi teu saco
No sexo, errei o buraco
E ainda assim tu ficou do meu lado.

6.
Eis que me fodo,
quando atrás de ti
corro
e você nem ouve!
meu pedido de
 socorro.

7.
A vida toda
vivi à toda
à toa

8. Falta de visão
O cego pede: Avisa quando for o ponto?
eu fecho os olhos
pra não ajudar
ponto.

9. 
Computador ligado
cheiro de queimado
no prazo estourado

10.
Procastinação.
É a minha sina
pensar sem ação

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pinote suspirava pelos 4 cantos da sala. Distraído, deixou escapar a última gota de ar. Tentou colher o oxigênio de volta, levando a mão à boca, querendo encher seu vazio. Mas era tarde. O ar já havia ido embora, buscar outras atmosferas mais festivas.  Morreu com o corpo murcho no chão frio de um dia nublado.

domingo, 24 de abril de 2011

Páscoa: poder, ovos e trapaças

Juntar ovos de Páscoa e pacotinhos de São Cosme e Damião é o mais perto de acumulação de capital que uma criança pode chegar. Eu mesmo, na época das estantes de proporções everestiana e das calças ocasionalmente molhadas de xixi, me interessava mais em guardar doces do que comê-los. Na barriga, não podiam causar inveja nos primos e amigos. Era necessário ostentá-los em suas embalagens coloridas e chamativas, enfileiradas na porta da geladeira.

Inocente cobiça capaz de se tornar selvageria nas condições de pressão e temperatura apropriadas. Basta os adultos esconderem ovos pela casa numa inocente brincadeira de caça ao tesouro; distração para os pequenos enquanto as cervejas são esvaziadas. Em sua ingenuidade, mal percebem a insensatez da estratégia: incitar a ambição de crianças ligeiramente alteradas por altas taxas de açúcar no sangue. É só a tia dizer - podem procurar - e todo mundo desaparece, deixando para trás apenas nuvenzinhas de poeira.

Pessoas são empurradas, vasos são quebrados, a gaveta das lingeries sexys da titia quarentona é violada. Tudo vale para ser o novo Barão do Cacau. Morder, bater, roubar, chorar, espionar. Sim, espionar. Pois há sempre os olhinhos que ficaram seguindo as pernas dos adultos na hora de esconder os doces. São as crianças que andam calmamente em meio à gritaria dantesca, se abaixando perto do ralo do banheiro e dizendo “Olha só, encontrei mais outro.” Os pais, claro, sempre se arrependem tarde demais: antes de estarem bêbados o bastante para ignorar os choros e brigas dos filhotes.

Ovos encontrados, acabada a festa, danos contabilizados. Hora do grande vencedor, senhor de bilhões de calorias achocolatadas, finalmente descansar alegre em cima de seu sucesso adocicado. Flawless victory. Tudo terminado... certo?

Pois apenas começou. Com a cabecinha no travesseiro, você se lembra de todas aquelas carinhas contorcidas pela inveja e  pelo começo da abstinência de açúcar. Vai pensar em como é fácil alguém ir, na ponta dos pés, abrir a geladeira; em como as embalagens podem ser desveladas por qualquer um capaz de dizer –Gugudada. Impossível dormir. Cada minuto será dedicado a conferir seu estoque; a pesar cada ovo a procura de 1 grama, 1 centigrama, 1 miligrama que seja, perdido. Sua riqueza tornada maldição. Irá jurar doar suas reservas aos seus colegas para logo em seguida abandonar essa ideia e comprar cadeados, só por precaução.

Então, um belo dia, você vai à escola. Antes, claro, deixa uma série de ordens com papai e mamãe e dá uma última olhada maternal ao seu tesouro em seu banco gelado. Com certa relutância - deve-se dizer - você fecha, lacra e finalmente parte apenas para retornar, horas depois, a uma geladeira vazia. Vazia não, pois ainda estarão lá as verduras; sempre há verduras. Danem-se as verduras! No chão, embalagens de bombons te guiam até a sala, onde vê dois pés enfiados em chinelas de borracha, que dão para duas pernas, que vão levar a sua mãe sentada no sofá, sorrindo para você com uma mancha brilhante marrom-bombom no canto da boca.

-Oi, filho, como foi a aula?

Atrás, o barulhinho de plástico sendo desembrulhado denuncia o seu papai que estende a mão para lhe oferecer metade do seu próprio ovo da Páscoa, conquistado a duras explorações das áreas mais sinistras da casa. Duro capitalismo selvagem, há sempre alguém acima de você.
Lição: acumule dinheiro, depois roube o chocolate do seu filho. Ou: Marx não gostava de chocolate.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tecnologias do futuro 2

Aquela barriguinha não te deixa mais ir à praia? Você tem preguiça de levantar a sua bunda gorda para fazer ginástica? E além de tudo não consegue parar de comer? Você está precisando do Diet-Hole, a última palavra em estética corporal. O Diet-Hole é o único modo de emagrecer sem trabalho, enquanto devora alguns kilos de hamburgueres gordurosos e suculentos.
O seu método é simples: nanomáquinas ingeridas num gole d'água criam uma dobra hiperespacial dentro do seu estômago,  conectando seu sistema digestivo ao buraco negro mais próximo de sua galáxia. É isso mesmo que você ouviu! Você come e a comida desaparece na gravidade exorbitante do buraco negro, indo parar em algum lugar do universo, noutra dimensão ou até, devido a raros acidentes temporais, na barriga de um camponês faminto do século XIV
A expressão parece que tenho um buraco negro no estômago nunca foi tão verdadeira!
Não perca mais tempo! Ganhe aquele corpinho de supermodelo que sempre quis ter. Veja o depoimento de alguns consumidores do Diet-Hole!

Jenoveva , 35 anos:
Nossa, eu pesava 120 quilos, meu marido havia me abandonado, perdi o emprego, minha vida estava por um fio. Até que alguém me disse, por que você não usa o Diet-Hole? Eu ri, não sabia porquê. Me explicaram sobre física quântica, teoria M e essas coisas. Não resisti e comprei. Os resultados foram na hora. Um verdadeiro big bang ao contrário dentro da barriga. Você realmente sente aquela dor das gorduras sendo sugadas; não é que nem esses outras bobagens de nutricionistas, que você não vê nenhum efeito. Funciona mesmo! Em um dia, já pesava 10 kilos e era carregada num barbante, igual a um balão, por um novo marido. A melhor parte: eu como mais do que antes.

Afrânio Parafina, 26 anos
Antes de usar Diet-Hole, eu era alvo de zoações constantes por causa do meu peso. Meus amigos diziam: você nunca vai atrevessar a velocidade da luz com essa massa, Afrânio. É até provável que nem consiga ultrapassar a velocidade de uma lesma, adicionavam às gargalhadas. Aí tomei Diet-Hole e em 1 dia podia quebrar a barreira do som. Hoje viajo na velocidade da luz e sou capa da reviste "Grande Homens e Alienígenas" e sou melhor do que todos eles. Agora, com licença, preciso terminar o meu cooper em torno da galáxia.


O que está esperando?!! Compre Diet-Hole e mude você também a sua vida!!!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Teconlogias do futuro 1

Cansado daquela coisa incômoda chamada realidade, que sempre está presente para atrapalhar o som do seu mp3? Com o MP-BARRIER você finalmente estará isolado do mundo através de um campo de força positrônico, capaz de eletrocutar qualquer interlocutor itinerante e de bloquear qualquer som externo, do trânsito caótico ao cantar dos pássaros. É a tecnologia das guerras atômicas ao seu dispor!

Compre o seu MP-BARRIER agora e se tranque ao som da sua banda favorita.

Por mais 20 reais, você leva Fones Sensormáticos Prostráticos.  Enfiados nos ouvidos, no ânus e na boca; os Fones Sensormáticos Prostráticos emitem uma descargar de partículas de emoção capaz de recriar as sensações do eu-lírico da música em tempo real. Sinta de verdade aquela dor de cotovelo sincopada!

domingo, 17 de abril de 2011

Pirulitando.

Eu e o meu pênis certamente não nos damos bem juntos. Devíamos pedir divórcio. Sinto pena dele nas raras vezes em que o vejo livre nos seus passeios pelo banheiro, sempre pra baixo.
As minhas calças são um monastério.
Pobre condenado...
Um dia simplesmente acordou junto comigo, dentro da barriga de alguém.
Como foi parar lá?
Já pensou em fugir. Muita vezes aponta pro céu, firme, usando toda sua força a procura de furar sua prisão de roupas íntimas, inutilmente. A verdade, a ironia, é que eu posso viver sem ele, mas ele não pode viver sem mim.

Domingo de Sol

Quente quente quente. Difícil ser criativo num calor assim. O ponto de ebulição das idéias é baixo, logo evaporam. Nunca ouvi falar de livro sendo escrito em prisão do Rio de Janeiro, já em prisão da Sibéria é outra história. Ah! queria ter um czar pra dar um tapa na cara dele, pedir pra que me chamasse de revolucionário sujo e me exilasse. Vai, me coloca na Sibéria, vai! Por favor! É a minha fantasia erótica do dia.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

12

12 crianças morreram e ainda vai rolar bate-boca no trânsito congestionado; brigas vão acontecer porque alguém olhou para outro com uma cara estranha; conflitos serão travados por causa de limites de propriedade; novas e elaboradas maneiras de ferrar com os outros serão criadas por equipes de marketing. E, principalmente, existirão armas de fogo.

domingo, 3 de abril de 2011

Onde está o código de barras do seu bebê?

Enquanto eu passava pelos corredores do supermercado um dia desses, era difícil não reparar no número de crianças indo de um lado para o outro, no colo dos pais e, principalmente, dentro dos carrinhos de compra. Comecei a cogitar que deveria haver alguma prateleira cheia de crianças em promoção, estocadas por sexo, cor e forma. Mas depois repensei: criança não é o tipo de coisa que se compra, por não ter garantia. Se estiver quebrada, além de não poder devolver, você terá de arcar com o conserto. Sem falar que vender 5 crianças por 1 real perde seus atrativos quando se gasta muito mais em operações cirúrgicas para exatamente não ter 5 filhos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Como encaminhar uma alma para outro mundo em 7 passos

Escrito por Azrael: anjo da morte, velador do fim do universo, cozinheiro de mão cheia.

1- Antes de mais nada, mate o indivíduo. Ele pode ser homem, alienígena, robô com consciência; em suma, qualquer coisa que fale, baseada em carbono ou não. Pode ser através de guerra, peste ou fome. Fica à preferência. Só evite ateus, eles ficam meio irritados com toda essa coisa de vida após a morte.
2- Confirme se o cadáver está bem matado, catucando o corpo com uma vara. Você não vai querer levar uma pessoa viva para o outro mundo. Eles geralmente começam a falar só em versos e sempre tentam trazer entes queridos de volta. Dá muita dor de cabeça.
3- Colha a alma. Seja rápido, pois ela se dilui rapidamente na atmosfera do mundo material. Use uma seringa para sugá-la do corpo. Caso já tenha se separado de seu meio físico, é mais apropriada uma rede de caçar borboletas.
4- Achate a alma com um rolo de massa tamanho médio. Assim ela ficará na espessura certa para atravessar dimensões.
5- Empacote a alma e a coloque num cometa em direção ao buraco negro mais próximo. Espere alguns nanossegundos e a pegue de volta no outro lado do universo.
6- A alma ainda estará bastante crua. É necessário agora expurgar todas as lembranças que possam impedi-la de aproveitar a estadia no pós-vida como funcionária eterna de alguma divindade. Para isso, bata a alma no liquidificador e a filtre num coador. Jogue fora as partículas de Ser que ficarem retidas e coloque o conteúdo pastoso que sobrar na geladeira.
7- Espere 30 mil anos e voir la: você tem uma alma pronta para desfrutar os grandes campos idílicos de trabalho forçado do outro mundo. E, como observação, os deuses greco-romanos são o que pagam melhor, embora exagerem no hidromel.

Eterno adolescente

Quando eu era mais garoto, o vestibular se colocava diante de mim como o apocalipse, uma nuvem negra que pairava no horizonte, sem qualquer pista de um mundo além. Eu nunca tive idéia do que fazer da vida ou do que esperar do meu futuro. Minha família, porém, tinha lá as suas idéias; minha avó sempre me quis para padre e o meu pai, para engenheiro. Como nunca aprendi rezar direito, também fiquei sem ter como pedir a Deus para que me fizesse entender matemática. Desafiado por qualquer problema mais difícil do que 1 + 1, eu logo tinha dores de cabeça e me imaginava tacando o livro na cara do maldito autor.

Porém, nunca contradisse o meu pai, nem minha família. Pensava que ia demorar até chegar as provas e que, depois, dava um jeito. Apenas olhava distraído para um lugar qualquer, toda vez que alguém falava de planos para mim. Acontece que os anos passavam e o monstro Vestibular estendia seus tentáculos a minha volta. Na ensino fundamental, prestei concurso para escola técnica e para a turma especial de ensino médio. Passei no segundo caso e, a partir daí, não teria hora que eu não temesse o fim de cada dia, o final de cada ano e o momento em que o diretor entrava pela porta da sala falando sobre nossas responsabilidades como estudantes classe A.

Para piorar, sempre em casa, na hora que estava passando algo na televisão que eu queria ver, aparecia meu pai com um bloco de folhas, me chamando para descer rapidinho e resolver uns probleminhas. Eu falava, "Não pode esperar?". Ele reclamava, "É rapidinho. Oras, esse desenho passa todo hora!"

O que não era de todo mentira, mas também não era toda hora que eu conseguia me sentar na frente da televisão. Como eu tinha irmãos, as vezes só me restava sentar no chão, sem tv nenhuma na frente. Nessas ocasiões eu resmungava qualquer coisa e me reunia ao meu pai, para demonstrar toda a minha incapacidade intelectual. O pior era quando ele não conseguia resolver uma questão, ficava obcecado. Passava dias, preenchendo folhas com cálculos e cálculos até que duas semanas depois me chamava:

-Társio, consegui resolver!

Bradava em suas mãos o maço de papel como se fosse sua medalha olímpica. Depois, quando tentava me explicar, se atrapalhava um bocado e eu já estava perdido logo nas primeiras linhas da primeira página, mas continuava acenando com a cabeça até o final. Mesmo quando decidi escolher a área de humanas, não me libertei das leis e teoremas.

Muito menos do maior postulado, o que tudo tem seu tempo e de que o vestibular iria chegar. Chegou e o meu pesadelo se tornou realidade: fui reprovado. Me saí mal, não tão mal quanto outros; mal o suficiente para desagradar a família. Fiquei sem palavras, porque afinal sabia muito bem que não me esforçara. Também sabia: a tortura continuaria.

Ingênuo eu era de pensar que uma simples prova fosse o fim. Esse terror da minha adolescência, carrego até hoje. O monstro que me envolvia com seus tentáculos cresceu comigo, agora ele tem a forma do primeiro emprego. Depois virará sabe-se lá o quê.

domingo, 13 de março de 2011

Na locadora

Vocês também têm a impressão de que é cada vez mais difícil encontrar a seção de filmes adultos, vulgo de putaria, nas locadoras? Quando eu era criança , eles ficavam simplesmente numa prateleira mais ao canto do que a dos outros filmes e podiam ser vistos por qualquer passante ocasional. Alguns anos depois, já adolescente, em outra locadora, ficavam separados num quartinho, onde homens velhos e às vezes algumas senhoras curiosas entravam, olhando sempre para os dois lados para ver se havia alguém observando. Mais tarde ainda, passaram para um andar totalmente diferente, sendo necessário subir uma escada e entrar num lugar escuro que sempre fantasiei como uma casa de ópio da sacanagem.

Agora, na segunda década do séc XXI, fui na locadora e não encontrei qualquer sinal desses filmes proibidos aos olhares dos puros de coração. Creio que devem ficar numa passagem secreta, dessas escondidas por uma estante que nós sempre vemos nos castelos do cinema. A pessoa vai lá, tira o dvd certo de uma prateleira e aciona um mecanismo que a faz girar e abrir passagem para uma sala secreta, repleta de seios e pênis das mais diversas formas, tamanho e combinações. Se bem que em tempos de internet quem vai gastar dinheiro com aluguel de pornografia? E é meio difícil proteger o direito autoral na indústria pornográfica. Vai se dizer o quê, “você está tirando o dinheiro de artistas”? São pessoas fazendo sexo, é um grande plágio de Adão e Eva e suas aventuras eróticas no paraíso. Indústria pornográfica... deve ser um outro universo.

Mas é bom esclarecer algo. Eu não estava à procura de filmagens ginecológicas não, viram? Na verdade estava muito bem comportado na prateleira de clássicos, que era a única que ainda tinha filmes disponíveis. Era véspera de carnaval e parecia que um furacão havia passado por ali, levando todos os besteiróis, filmes de ação e dramas premiados com Oscar. Pessoas apareciam carregando enormes pilhas de dvds e pilhas menores de blue-rays. Tinha um garotinho que ia abraçado com uma seleção que abrangia filmes como “Super-heróis: o filme” e pérolas do mesmo calibre. E ele dizia, espantado e maravilhado consigo mesmo, “Nossa eu não sei por que gosto tantos de filmes cheios de violência e sangue?”.

Ao ouvir isso, primeiro eu me perguntei se ele estava ciente do que se tratavam aqueles dvds. Violência talvez até tivessem, mas sangue? Não sei. Quem sabe ele devesse procurar pelas caixas escuras com letras vermelhas onde a palavra massacre aparece em algum lugar. A segunda coisa que eu pensei é o que diriam as pessoas responsáveis pela classificação de censura, ou os psicólogos de plantão, caso estivessem ao meu lado naquela locadora e ouvissem a exata mesma pergunta que eles devem fazer com tanta preocupação nos seus dias de trabalho saída pela boca de uma criança; que a diz com a alegria de um viciado que não só não sabe a natureza do seu vício, mas o abraça sem se importar nem um pouco com isso. Provavelmente balançariam a cabeça em negação e colocariam o Super-herói o filme na mesma sala secreta dos pornôs.

O negócio é o seguinte: nós amamos violência. Isso não é exatamente legal, mas fazer o quê? Eu fui criado por desenhos violentos e sou esse sujeito maravilhoso, muito bem quisto por todos os outros pacientes do hospício que frequento. Mas po “Super- heróis: o filme” também não né... é uma violência contra a espécie!

E é com essas sábias palavras que eu subitamente encerro esse post e pressiono o botão de autodestruição.

KATABOOOMMMM

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Hoje estive pensando sobre cegos. Fiquei imaginando como seria ser cego por uma imagem. Ter as vistas aprisionadas num determinado momento e vê-lo eternamente, em seus mínimos detalhes, como se ainda estivesse a sua frente. Como seria a vida desse cego, por exemplo se enxergasse para sempre o seu pior pesadelo, o fantasma do seu próprio trauma diante de seus olhos toda vez que tivesse de ir no mercado, escutar música, tocar alguém que ama. Parece insurportável, seria insurpotável até talvez se fosse só a visão congelada de sua vó nua. E se ao invés de uma situação horripilante, fosse um instante maravilhoso? Seria a pessoa uma otimista irreparável?

Penso também que depois de um tempo qualquer imagem esgote o significado. Não importa mais o que era, é só um monte de cor, de padrões. Podia ser tudo preto, podia ser tudo branco como queria Saramago. Todas cegueiras são iguais. Ainda sim, seria bem bizarro. Talvez tenha algum caso assim no mundo da neurologia e eu não saiba. Me lembro de um homem, de perfeita condição oftamológica, mas que tinha uma memória visual tão detalhada de sua terra natal que por vezes ele perdia a noção de espaço e era, para ele, como se estivesse naquela cidade de sua infância. É um caso bem interessante, eu li sobre isso no livro Antropólogo em Marte.

É engraçado como qualquer coisa observada no mesmo ângulo se esgota. É o que reclamam do jornalismo e a TV em geral né? Apresentam as mesmas informações, martelam as mesmas imagens até elas simplesmente não importarem. É o que dizem os livros pelo menos. Mas volta e meia a gente diz "eu não me canso de ver isso, poderia ficar assim o dia todo." Talvez a gente diga isso da boca para fora. Quem sabe? É a brevidade das coisas que costumam torná-las tão charmosas.

Obs: E obrigado pelos comentários, Marcela! hehe
tentaram lhe ensinar o bem, o mal, a religião
não prestou atenção
tentaram lhe ensinar ciências
não prestou atenção
tentaram lhe ensinar pelo menos a se casar
não prestou atenção

Ela passou a vida olhando pela janela.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

É ação divina um homem sobreviver 16 horas após ter sido soterrado, mas não é ação divina a chuva que pôs esse homem em perigo e matou outras tantas famílias. As pessoas assistem essas tragédias pela TV, já procurando uma justificativa para o fato de passarem boa parte da vida rezando, indo a igrejas e carregando todo tipo de acessório místico junto, desde fitinhas até bonecos vodoo.
Ao meu ver, se uma catástrofe dessas passa algum sinal é de que a vida humana é extremamente frágil. Um dia você pode acordar e não mais estar aqui ou, pior, você pode acordar e as pessoas que você ama não estarem mais aqui. Por isso, não vá pegar o seu terço e pedir a benção de Deus, Dê atenção a quem for importante na sua vida. Pare de ser um babaca completo, porque tudo acaba. Uma hora ou outra seremos soterrados pelos nossos próprios temporais.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Primeiro post do ano

Bem vindo ao ano de 2011. Quem diria que o Brasil teria uma presidente mulher antes de ter carros voadores. Nos aproximamos do fim do mundo ou pelo menos do fim das piadas de fim do mundo. Elas são irresistivelmente fáceis de fazer, de forma que eu tenho de me controlar para não contar nenhuma piada sobre apocalipse. Geralmente fracasso.

Mas deixando clichês um pouco de lado. Para começar essa nova década, anunciarei mudanças. Aqueles que entrarem no meu blog nos próximos meses, não verão tantos contos como antes. Se é que alguém entra nesse blog. Estou na merda ultimamente. Desempregado, mal amado, envelhecendo e tenho a frente a perspectiva de ficar preso a um trabalho que eu não goste. Por isso fica meio difícil me concentrar em escrever contos. Começo um e já fico desesperado pensando que é uma merda que não vai me levar a lugar algum. E eu sei, arte pela arte, mas é impossível se fechar ao resto da vida, o mundo não espera pela sua inspiração quando você é de classe média. Meio frustrado, querendo relaxar um pouco, passarei a escrever textos mais fragmentados, sem ter a neura de criar uma conclusão ou ser engraçado. Vou falar às vezes de livros que estou lendo e coisas do tipo, sem compromisso, parecido com o meu outro blog, o aesperadeumresgat.blogspot

Também tem um projeto de série de TV que um colega de faculdade me convidou para escrever. Então, vou tentar me absorver nisso para ver se finalmente ganho algum dinheiro, embora as chances de uma série dá certo sejam bem pequenas. É só olhar para as séries de televisão. Elas não entraram por causa de suas qualidades, mas muito provavelmente por causa das conexões de seus criadores com os canais de televisão. A verdade é que o Brasil é uma merda para quem quer fazer algo de diferente. Você tem que ser um dos trocentos filhos do Chico Anysio.

Só me resta dizer feliz 2011 a você que naufragou até aqui. Até logo!