sábado, 21 de agosto de 2010

Dê respostas sem entender as perguntas

Volta e meia alguém perguntava a Daniel sua opinião sobre um assunto “O que você acha, o que você pensa sobre isso, tem certeza certeza disso?” Era uma chateação. Tinha de analisar causas e conseqüências tão caóticas que formavam um embaraçado de nós, do qual era impossível achar as pontas sem antes rever todo o conhecimento adquirido durante a vida. No final, depois de tanto esforço ainda tinha de reconhecer sua ignorância sobre o assunto.
Um dia, desesperado, pediu ajuda diante da difícil tarefa de exprimir seu pensamento pessoal.
-Socorro Socooorro – gritou.
-NADA TEMA!
Era o Senso-Comum, herói dos preguiçosos de raciocínio e dos conformistas oprimidos. Ele passou o braço pelos ombros de Daniel e lhe deu um sorriso amigável.
-Vamos lá, amigo, quer saber se o aborto deve ser permitido, se o controle de natalidade é a solução para a pobreza? Diga.
-Como faço para escolher o candidato a presidente?
-Fácil, oras! Ache uma celebridade que você goste, de preferência estrangeira (ou ao menos um brasileiro no exterior) e descubra em quem ela vai votar. Depois é só votar no mesmo candidato. Se tiver dificuldades, vote no candidato que der a melhor camisa.
-Poxa, obrigado, Senso-Comum! Agora me sinto muito melhor.
-De nada, amigão. Lembre-se, nunca deixe as vozes dentro de você falarem mais alto do que o som da TV ou da música no seu fone de ouvido! Adeus!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

-Então, ela estava ali parada me olhando com seus grandes olhos e eu a deixei ir.
-Fala sério! Porra, por que você não disse alguma coisa?
-Tipo o quê?
-Qualquer coisa!
-Não, seria inútil...
-Claro que não! Você podia dizer que a amava, podia falar como ela fazia você se sentir alegre toda manhã, podia... podia ter lhe dado um beijo apaixonado!
-Era só uma rã, cara. Tipo, seria meio estranho.
-Se você continuar tão seletivo, vai acabar ficando sozinho.