terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tenho a sensação de que quase tudo o que eu digo é mentira e não consigo imaginar o que seria da minha vida se expressasse o que sinto. Provavelmente levaria alguns tapas de garotas e seria demitido.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Como seria uma entrevista de estágio sincera

-Olá você deve ser o próximo otário a ser entrevistado né?
-Sou eu mesmo.
-Vamos lá naquela sala. Eu não fui muito com a sua cara, tem um nariz engraçado. O tipo de nariz que pode arranjar problemas... mas vamos ver no que vai dar.
-É, eu também não fui muito com a sua.

A porta é aberta e entram na sala os dois, cada um sentando numa cadeira. O entrevistador abre um jornal para ler as tirinhas. Ri, fecha o jornal e se volta para o entrevistado, irritando-se com o fato dele existir. O entrevistado, por sua vez, também está irritado com sua própria existência.

-Então, vamos ver se você entra no perfil de um estagiário da nossa empresa.
-Irei falar qualquer coisa para que possa entrar nesse perfil.
-Isso é algo que nós esperamos. Agora, senhor nariz engraçado, você se considera um completo babaca?
-Todos os dias, senhor. O meu psicólogo vive dizendo para mim que eu sou normal, senhor.
-Ele está enganado.
-Enganadíssimo!
-E você sabe fazer alguma coisa?
-Estudo há 3 anos na faculdade, domino qualquer tipo de teoria, desde teoria marxista até teoria do caos.
-Quis saber se você sabe varrer, organizar pastas, mexer no word...
-Sei sim. E passo roupa como ninguém!
-E você faria isso, por digamos R$100 e xingamentos constantes, certo?
-Morreria por isso.
-É, não sei se você é bom o bastante para o serviço, sabe. Você não é o idiota mais qualificado que eu já vi hoje. E esse nariz...
-Deixo você bater nele uma vez por semana.
-Contratado!

domingo, 25 de outubro de 2009

Som da rua

Volta e meia, em casa, nós somos surpreendidos pela sinfonia dos berros do meu vizinho. A sinfonia, que, em verdade, é um dueto composto pelo próprio e sua mulher, começa com o barítono cantando um plácido "você não faz nada" que se torna um estrondo de instrumentos, passando pelo melhor da língua portuguesa até o clímax "sua babaca de merda! caralho!".
Até hoje ainda não ouvi a parte da segunda voz.

sábado, 24 de outubro de 2009

Está difícil criar. Sentar e pensar e se dedicar e me botar a escrever do nascer do Sol até o adormecer da Lua... Tenho realmente inveja dessas pessoas que conseguem ignorar todo o mundo ao redor e escrever sem parar. Quando começo a fazer algo, sinto já coceira de fazer outra coisa. É uma merda. O bom era quando, muleque, mandava tudo se foder e não me preocupava com estilo nem emprego, tudo o que importava era fazer uma historinha. Agora não dá. Quero fazer o melhor quadrinho do mundo, ganhar bolsa para estudar fora e transar. Mas sempre acabo é ficando que nem um babaca na frente do computador digitando as mesmas palavras até finalmente desistir e abrir alguma besteira na internet(lê-se site pornô).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Depois de 30 anos morando na mesma casa, família se encontra pela primeira vez.

Aconteceu na tarde de ontem, na casa dos Sousa e Lima em Copacabana, quando assaltantes invadiram o local. Os membros da família, Anderson, 60 anos; sua mulher, Maria, 58 anos, e seus dois filhos, foram abordados cada um em seu aposento e levados ao banheiro, onde, incrédulos se encontraram, como estranhos que ficam presos no elevador.
"A primeira coisa que eu fiz quando vi minha mulher e meus filhos foi tentar acertá-los com uma vassoura", diz Anderson dando um riso junto dos seus filhos, "pensei que fossem bandidos também". O filho mais velhos mostra a cicatriz onde a vassoura lhe acertou em cheio e adiciona, "Até ontem eu pensava que havia nascido no quarto sozinho como um messias, mas fico feliz por ter um pai... E uma herança!"
Há 30 anos atrás Anderson e Maria se casaram após se verem sem mais nada para fazer. Passaram um dia no mesmo quarto, mas após muitas brigas para ver quem ficava de qual lado da cama, decidiram cada um ir para um quarto da casa. Ao ser perguntado sobre como fora a gravidez, Maria respondeu, "Só lembro de ter pedido para a empregada arranjar um lugar melhor para guardar as crianças. Elas faziam muito barulho! Fico feliz em ver que eles se tornaram homens!"
Os assaltantes levaram boa parte dos objetos da família, mas Anderson de Sousa e Lima não pretende prestar queixa, "Estamos ocupados em nos conhecer e brigar."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Quando criança, criei um amigo imaginário
que a puberdade levou e deu lugar a namorada imaginária
o tempo passou
veio o emprego imaginário, a casa imaginária, o casamento imaginário
até que na cadeira perto da janela do quarto, com os olhos entre rugas,
contemplo tudo o que sobrou: uma vida imaginária.

sábado, 5 de setembro de 2009

À luz do Sol, todos são tolos

Um garoto estava na calçada da rua. Aliás, era um garoto negro que estava na calçada da rua. E não somente isso. Era um garoto negro e sem camisa e ele estava na calçada da rua. Um senhor de idade e gorduras avançadas passou por ele, mas não sem um relance de olhares cruzados. A 1 metro dali, o senhor parou. O Sol quente batia forte em sua boina marrom e precisou pegar um paninho no bolso para tirar o suor do rosto. Mirava o garoto negro sem camisa que se distraia com os seus pés. Foi se aproximando até a sua sombra se sobrepôr ao menino que enfim lhe deu atenção, e viu a mão cheia de dobras trazer uma nota de R$ 2,00. Os olhinhos piscaram e a cena ficou paralizada, dando o velho o mote para para a cena seguinte.
-Aqui. É para você comer. - disse com um sorriso e um balançar da nota.
A boca do outro abriu para dizer algo, mas fechou no segundo seguinte, pegando os 2 reais. O velho contente deixou o garoto negro sem camisa e se foi feliz consigo mesmo. Feliz ao ver que, para o mundo der certo, apenas bastava um pequeno gesto de fé como o dele. Que homem era!
O garoto negro sem camisa é que não entendia muito bem. O dia começara bastante chato com a sua mãe proibindo de jogar video game, de modo que foi ver se encontrava alguns dos amigos na rua. É claro não encontrou ninguém porque todos estão nos seus devidos computadores ou video games. Não viu nenhuma opção a não ser ficar na calçada olhando as pessoas passarem. Tirando a camisa por causa do calor. Quem diria? Com dois reais dava até pra ir numa lan house.

sábado, 22 de agosto de 2009

Sabe seria legal se na virada de um aniversário acontecesse de fato uma transformação. Algo como você começar a brilhar e um letreiro aparecer em cima de sua cabeça dizendo: Parabéns! Você passou de nível e aprendeu uma nova habilidade, floricultura ou falar com garotas sem gaguejar. Seria mais emocionante e divertido.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Namoros de alto teor alcoólico

Demorou 22 anos para eu descobrir o que é namoro e apenas 1 mês para descobrir o que é terminar um namoro. Se existe algo como uma balança no universo, é hora dela ir para o conserto. De qualquer forma, experiência é experiência e eu aprendi algumas coisas nesses tempos. Bem, além do fato de que as garotas decidem tudo, aprendi que levar um fora é muito parecido com ficar sóbrio, só que um tanto pior. Quer dizer, um dia você está lá achando a vida as mil maravilhas, dando beijos e abraços para todos até que, com um “a-gente-tem-que-conversar”, o mundo se torna amargo e tudo que você quer é quebrar a cara de qualquer pessoa que discorda. E a ressaca... simplesmente pode durar dias, semanas, sem previsão, só dependendo do quão rápido você aceita deixar os sentimentos irem para os arquivos embaralhados da memória e se perderem lá. É claro logo, logo você vai estar bebendo e se engraçando com um outro futuro desentendimento.

sábado, 16 de maio de 2009

Mil e nenhuma utilidade

Ontem faltou luz em casa. É um momento muito peculiar, porque você percebe que sem eletricidade você é o ser mais inútil que um panda, o animal mais depressivo e neurótico do mundo depois do Woody Allen. Quer dizer, eu de modo geral sei da minha inutilidade, mas há todos tipos de acessórios legais cheio de botões que fazem coisas curiosas para ajudar a me consolar e me distrair nessas horas. (e eu não estou falando aqui de vibradores, hein engraçadinhos?)
No minuto que as luzes se apagam, as pessoas começam a andar que nem zumbis a procura de uma vela. É um tal de bater com a canela nas mesas e com a cara nas paredes até que achem alguma só para, então, se verem a volta com a pergunta: E os, fósforos, onde diabos ele estão?!
Alguns com menos espírito e vontade, apenas abrem seus celulares e o abraçam numa posição fetal. Lá eles ficam, incubados, a espera do retorno de alguns watts para que possam renascer.
E quando retornam, quando os ventiladores voltam a girar, o jornal nacional a aparecer falando sobre como o Brasil está enfrentando a crise e principalmente quando você percebe que todo esse tempo estava fazendo xixi fora da privada; é a alegria(não a de quem for lavar o banheiro, é claro). Pessoas pulam e se abraçam; outros, orgulhosos, requisitando a sua presença nos anais da história, bradam "não avisei que ia voltar! eu sei do que to falando!"
Todos passaram por pouco de perceberem as suas limitações quanto seres vivos e voltarem a dizer ugauga.

O que eu quis dizer é que foi um tédio a noite no escuro.

Rio, 24/04/09.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A minha família pensa que sou hippie
Os estudantes caretas, que sou maconheiro comunista
e os drogados doidões, que sou careta punheteiro
Chefes vão dizer: Este é um genial incompetente! Logo antes de me demitirem
As mulheres acham que não acham que há o que se achar.
Então, pergunto
Quem me conhecer de querer há?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Insônia

Me reviro que viro na cama e nada. O jeito é aproveitar as horas extras mal dormidas e ver se os pensamentos tomam jeito e deixam de ficar pairando na noite a procura de encrenca.
Escrevo um pouco que posto no blog. Como é pouco não dá conta da minha inquietação, por isso entro no youtube para ver se tem algo para me distrair. Acaba por vir a minha cabeça o nome the do, e olha só. é com o ó riscado meio estilo russo. Sei lá. Escuto e gosto, é gostoso de ouvir a voz da moça e não é nem um pouco parecido com cold play, como eu tinha medo de ser. Vejo mais algumas coisas esquecíveis e finalmente os meus pensamentos parecem se assentar em seus devidos aposentos no cérebro. Eu igualmente vou pro meu, mas a insônia puxa a minha coberta e me empurra do col-pro-chão. De todas as companheiras, essa é última que se quer na cama.

domingo, 10 de maio de 2009

É o que digo pra mim, mas não sei se acredito

Aceitar a dor
Aceitar o mal
Aceitar a morte
Transformar tudo isso num riso
E seguir em frente
entre
diante
ponderante
à poça de sangue da vida.

.

O mané tá no chão e o bandido aponta a 9mm pra ele. E o policial aponta o fuzil fodido no cangote do marginal. Mas o policial tá no olho da M-16 do traficante bolado, que ta na mira da milícia, que ta visada pelos milicos, tudo no olho do microfone do jornalista metido. E os políticos? Tão é com uma bomba nuclear apontada pra cima de todos!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

atenção

O amor perdeu o ponto
Você acaba de saltar na terra da ironia





Sem passagens de volta.

sábado, 25 de abril de 2009

O que Hollywood tem a ver com o sentido do universo?

Em Los Angeles, Hollywood, existia uma mansão... quer dizer, existiam muitas, mas para nossa história aqui havia uma em especial. A residência como você já deve imaginar, era um verdadeiro castelo, isso se o Rei, no caso, fosse chegado a arte noveau, a portas de vidro não muito úteis contra invasões bárbaras, a escultura de personagens de cinema e a feng shui. Porém, o que de fato impressionava era o vazio. Se você entrasse pela porta principal, se depararia com um hall que era um pouco mais que uma caixa vazia com uma passagem para uma sala espaçosa sem decoração, apenas ar e uma escada suntuosa. Subindo seus degraus, ouvindo o eco dos seus passos, chagaria a um longo corredor a se estender por dois lados, onde nada acontecia. Se você estivesse num dia especialmente monótono poderia de repente seguir o corredor da direita, passar por alvas paredes e por 4 portas desinteressantes para entrar na quinta e se deparar com um produtor de Hollywood e seu assistente debruçados no que pareciam ser livros, roteiros e dvds espalhados por tudo quanto é canto. O quarto foi transformado num apartamento com cama, uma mini-cozinha e um pinico. O produtor apertava os olhos e suava com o que parecia ser uma cópia traduzida para o inglês da escritora brasileira Bruna Surfistinha.
-Que, Droga! – gritou ele, tacando o livro aos léus, ou melhor na cabeça do assistente.- Tem muita palavra nesses livros! Isso é coisa de intelectual, não dá filme não! Como você está aí, Tom?
Tom pressionou o pause de seu joystick, congelando a imagem da TV na hora em que um homem de macacão, boné vermelho e bigode derrapava dentro de um kart.
-Ah tem esse jogo interessante. Eu não entendi muito bem, mas é sobre esse encanador italiano que quer ganhar uma corrida de kart para se casar com uma princesa.
-Bah! Karts não chamam a atenção de garotos de 13 anos, a não ser que se transformem em robôs. – agarrou o assistente pela camisa – Eles se transformam em robôs?
-Não senhor.
-Então, não serve pra nada, Tom. Deus! – gritou o produtor, puxando o cabelo para trás e esbugalhando os olhos. Muitos assassinos fazem isso antes de ter uma idéia brilhante para fazer as pessoas caberem no seu forno microondas. – Estamos fodidos! Se a gente não tiver uma idéia prum filme estamos fodidos! Porra, Tom, para que eu te pago?
Tom pensou em dizer que o seu salário estava atrasado há mais de um mês, contudo decidiu ficar quieto e procurou ver se havia algo em sua cabeça, mas ali tinha menos conteúdo do que televisão aos domingos. Como muitos jovens do interior, ele veio para Hollywood porque a sua mãe vivia dizendo que era cheio de idéias, o que era dito de qualquer um da região que conseguia redigir um parágrafo inteiro.
-A gente podia escrever um roteiro novo.
Ao ouvir as próprias palavras foi tomado de um susto, sentiu que dissera alguma blasfêmia, uma blasfêmia contra algo maior do que Deus, a indústria. Num trovão, o produtor se ergueu, deixando cair no chão o amontoado de folhas que havia em cima dele. Puxou o cabelo para trás de novo, arrancando alguns fios. De fato, descobrira um jeito de encaixar o garoto num fogão.
-Escrever um roteiro original?! Como assim escrever um roteiro original, Tom?
-Pensei que...
-Não Pensou! Diabos, não há nada de original para se fazer! Tudo que é bom já foi feito. O nosso trabalho é pegar essas coisas e colocar mais sexo e mais violência. Nada se cria tudo se transforma, Tom. Estamos apenas contribuindo para o funcionamento do universo e ganhando dinheiro com isso. E merda! Nem isso conseguimos!
Pontuou o esporro chutando a bagunça ao redor até que se sentou no seu colchão e, com o rosto escondido entre as mãos, desatou num choramingo. Era isso: ou vendia a casa ou morria de fome ali dentro, esquecido num quarto. Oras, claro que preferia morrer. Imagina sair pela rua como um fracassado? Deixar as suas esculturas exuberantes de Elvis Presley sendo abduzido por ovnis para trás e pela primeira vez na vida arranjar um trabalho de verdade, com carga horária e sem intervalo para ir a uma festa com modelos ou cheirar cocaína? Tudo porque livros eram chatos! Porra, precisa fazer faculdade pra estudar cinema? Se tinha, não lhe contaram. Achando que o choramingo não bastava, decidiu ir com tudo e partiu para os prantos e lamúrias. Não obstante, já que a sua vida iria acabar mesmo, jogou-se para debaixo da cama para se acostumar às trevas.
-Senhor? –perguntou Tom, segurando o roteiro de Titanic como um porrete ao se abaixar para sondar o esconderijo.
-Saia daqui! – gritou a voz vinda das sombras entrecortada de soluços, soprando a franja de Tom - Me deixe em paz! Já me roubou o dinheiro, como todos. Vá embora!
-Senhor, é que eu acho que acabei de ter uma idéia para uma adaptação.
Dois globos brancos se abriram no breu de baixo. Uma cabeça hollywoodiana suja e vermelha saiu dali, arrastando-se. O garoto deu um passo para trás e os seus dedos apertaram com mais força o calhamaço do roteiro de Titanic que balançava de um lado para o outro. O produtor, indiferente, disse:
-O que tem aí, vamos ver.
Tom coçou a cabeça e fugiu do olhar que o encarava ali em baixo. Sua voz vacilou um pouco, mas acabou por engatar:
-HUmm...eu assisti 20 minutos de um filme ontem, acho que o nome é Matrix. E bem... é sobre esse cara que vive num vídeo game e luta kung-fu em slow motion, uma técnica que ele aprendeu com uma senhora dona de casa ou algo assim. Pensei... Nós podíamos fazer um remake...
A opinião foi ouvida e se fora de agrado ou não era difícil de se dizer, pois o homem não se moveu um centímetro do chão. Só o som dos estalos repetidos das juntas dos dedos do nervoso Tom quebravam a monotonia.
-Um remake hein?- falou finalmente o produtor, e uma sobrancelha se ergueu.
-Hum. Sim, quer dizer... já faz quase 10 anos que passou nos cinemas e... calma aí, senhor! Não faça isso. Eu...
Tom foi interrompido porque o tal do produtor fizera realmente algo. Contudo diferente do que o garoto da fazenda pensava, ele não tentou lhe estrangular e muito menos o cortar em pedaços, tudo o que ele fez foi lhe dar um abraço e um beijo constrangedor no rosto com um estalo tão ridículo que parecia feito a partir de um sintetizador. Era algo como bola chiclete explodindo misturado com o ruído de alguém abrindo um fecho de velcro. E o beijo foi constrangedor apenas porque o rapaz ainda não fora em nenhuma festa, onde provavelmente seria flertado por uma série de indivíduos das mais diferentes sexualidades e, porque não dizer, até de outras espécies. Lessie e Madonna, contam as más línguas, já deram lá os seus pegas.
Após alguns segundos de abraços e exclamações extasiadas, Tom foi liberto, a exceção de uma mão no seu ombro. O produtor estava agora numa outra terra já podia ver os cartazes no cinema:
-Matrix: Bug!A saga recontada! Agora com atores bonitos! Estrelando os Jonas Brothers e a Beyoncee!
Nunca mais precisará se livrar daquela mansão, talvez, quem sabe, compre as mansões do vizinho, assim, pra ter um lugar para seus animais silvestres excêntricos e os seus “personals rockstar” brincarem e terem overdoses.
O equilíbrio do universo havia retornado.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

MacFome

Quando a gente pensa que se acostuma a todo tipo de merda: tiroteio, mendigos na rua, políticos corruptos, Faustão – tá, esse não tem como se acostumar mesmo - ; o Brasil vai lá e consegue te surpreender. Estava a minha pessoa e a de meu colega sentados numa mesa do McDonald, certo? Nós entramos lá porque estava relativamente quieto e precisávamos de toda concentração possível para discutir quem era mais forte, o Hulk ou o Super-Homem; de forma que nem reparamos numa menininha de uns 7 anos talvez parada ao nosso lado. Só quando o meu pé esbarrou nela que me dei realmente conta da sua presença.
-Opa. Desculpa.
Ela voltou-se pra mim e ficou ali, com dois olhos enormes no seu rosto negro redondo. As mãosinhas seguraram na mesa. Fiquei preso ali, diante do pequeno ser. Dei um sorriso amarelo ao que ela respondeu com um rumor de voz engatinhando que não era só fofo! era como ser atingido por uma propaganda de caridade na cara.
-Moooço, pode comprar um hambúrguer.
Caralho! Olhei rapidamente pro meu colega e depois pra ela, pros imensos globos oculares que cresciam e cresciam. Foi um daqueles momentos em que você se divide em várias vozes: tipo o anjinho num ombro, o diabo no outro e o Boris Kazói em cima da cabeça. Independente da sua escolha, Boris Kazói sempre te bate com sua frase “Isso é uma vergonha!” Contudo, era necessário colocar alguns fatos em perspectivas: a menina era plenamente saudável, vestia roupas normais e nem cheirava a vestígios da vida na rua. Porra, ela era só uma criança qualquer que devia treinar olhar de cachorro esfomeado na frente do espelho todo santo dia. O veredicto foi: Poxa, agora não dá, ok? O meu colega complementou: A gente nem comprou pra nós mesmos.
E foi aí que o segundo round começou. Ao invés de ir embora, a nossa interlocutora continuou estacada em sua posição, nos encarando. Eu virava para o lado, contava até 10 e a personagem de um especial do “criança esperança” não arredava o pé. O meu amigo simplesmente deu de ombros. Nenhuma dessas preocupações se passava na cabeça dele, o cara é igual a um iceberg, sendo que o bloco de gelo é mais festeiro. Enfim, quando a minha mão começava a coçar e o Boris Kazói a gritar no meu ouvido, ela finalmente cedeu e de cabeça baixa declarou a sua derrota ou a de minha moral. Tanto faz.
-Você ia quase ceder! Quantas vezes vou ter que te ensinar a repudiar todos os outros.
-Porra, a garota tinha poderes cara! Você viu aquilo? Pensei que não ia mais embora!
Só que ela fora. Todavia, não sozinha. Aliás essa é a razão de ser de toda essa crônica, do fundo do McDonald veio essa mulher que segurou a garota pela palma da mão e com um “vamos, filha” saiu da lanchonete. Vi as duas cruzando a rua, pobres brasileiras que agüentam a dureza de não ter um BigMac com fritas e coca grande todos os dias.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Papo furado


Pontinho1: E aí, o que tem feito?
Pontinho2: Nada demais. E você?
Pontinho:1: É... você sabe... humm... O tempo tá meio estranho, não? Acho que está mais branco do que ontem.
Pontinho2: Eu diria que você tem razão, mas nem se compara àquela temporada de brancura do ano passado!
Pontinho1: Ano passado? Vc não quis dizer ano retrasado?
Pontinho2:É... Não sei dizer direito... as coisas sempre ficam confusas na minha memória...
Pontinho1: Aahh...
Pontinho2: Que coisa... então...
Uma tosse, duas tosses e um longo acesso de tosses constragidas que preocupariam um médico.
Pontinho2 (rouco): Ei! Você sabe o que são dois pontinhos num fundo branco?
Pontinho1 (também rouco): Não! O quê?!
Pontinho2: Humm... eu não sei, pensei que vc soubesse essa piada... pra contar, sabe...
Pontinho1: Não, eu não sei...
Pontinho2: Imagino que tem algo a ver com skinnis suicidas....
Pontinho1: O que é um skiny?
Pontinho2 levanta os ombros, metaforicamente falando.
Pontinho1: Acho que é melhor a gente voltar a rezar para a chegada do grande Deus Borracha. Ele irá nos levar para um lugar colorido onde esses tais skinis não precisem se matar.
Pontinho2: Penso que é uma boa idéia.

Os dois começam as orações...

Pontinho2(interrompendo a reza): Sabe o que seria bom?
Pontinho1(desinteressado): O que?
Pontinho2: Uma fêmea pra dar uns pegas!
Pontinho1: Ué, eu sou uma fêmea.
Pontinho2: Hã?! É?
Pontinho1: Ah nem vem! Você não parece mulher!
Pontinho2: Lamento, mas acho que vou recusar o seu elogio! Eu sou fê-mea!
Pontinho1: Por que você tem toda essa certeza?!
Pontinho2: Por que você tem tanta certeza de que é macho?
Pontinho1: Oras, eu tenho... hummm... na verdade...
Pontinho2: ARRÁ!
Pontinho1: Vai ver é só uma maneira de pensar...
Pontinho2: Acho que é melhor voltarmos a reza.