sexta-feira, 23 de abril de 2010

Talvez o big bang ainda não tenha acontecido e estejamos todos a espera do gatilho que fará a vida despertar.

A velha piada imoral de Gotham

Nas trevas de Gotham City, homens e mulheres tiravam suas máscaras e se mostravam os monstros que eram.Em algum beco, pessoas eram assassinadas, mafiosos passavam propinas a políticos e menores de idade se prostituíam. Era o único beco escuro da região, por incrível que pareça.
Mas nada disso realmente preocupava Batman. Do alto do maior edifício, com a sua capa esvoaçando como se estivesse viva, o único problema que ocupava a sua cabeça era Robin. Completando: o seu amor por Robin. Havia anos tentava lutar contra aquele desejo que o comia por dentro. Desde que o vira pela primeira vez, sua vontade era abraçar aquele pequeno órfão de corpo tão... elástico. Mas como agüentar as piadas, a humilhação, o preconceito?! Era o super-herói mais macho do universo, tinha uma reputação a manter. Claro, devia confessar que o uniforme de sunguinha e pernocas pra fora havia sido idéia dele, mas fora só um pequeno capricho. Mas aquilo já havia ido longe demais. Queria cantar o seu amor para o Robin para todo mundo ouvir e que se dane-se o que os outros heróis pensassem! Assim que Robin chegasse, iria dizer que o amava e ia fazer coisas que até...
-Fala aí, seu puto!
Batman virou para ver o menino-prodígio, à luz da lua um deus grego. Por um momento deixou as sobrancelhas levantarem e o queixo cair, mas logo recuperou a sua cara de puto.
-Eer... hum e aí, Robin, como vai? Ta mais forte hein?
-Ando malhando! Sabe como é, hoje em dia não é tão fácil espancar vilão. Todo mundo vem com alguma porra de anel colorido.
-É., pô, deixa eu dar uma apertada pra ver se tá forte mesmo.-disse Batman já levantando as mãos.
-Depois. Mas então, Batman, qual é a parada? Coringa escapou de Arkham de novo?
As bochechas de Batman ficaram vermelhas, obrigando-o a dar meia volta para escondê-las. Era a hora.
-Bem... Robin. Nós já nos conhecemos há muito tempo né?
-Ah, desde mó tempão, chefe. Eu nem me lembro mais direito.
-Robin, quando eu te conheci você era um menino, um jovem com muito potencial e... hã agora você é um homem crescido e forte e .... o que estou tentando dizer, Robin, é que eu...
-Ah já sei!
Com o coração querendo sair pela cabeça, Batman se voltou súbito para Robin. Esse ostentava um sorriso maroto no rosto.
-Já sabe?!
-Sim! Sei.
-Bem e você tem algum... algum problema com isso?
-Não, é tranqüilo.
-Ah que bom,talvez a gente possa sair pra tomar alguma bebida...
-Eu e a Batgirl já resolvemos esse problema.
-ou podemos ir pra casa. Tem uns cds legais da Kate Perry... Opa, opa, opa! Que a Batgirl tem a ver com isso?
-Ah bem, nós trepamos. Não precise se preocupar com a conversa sobre a abelhinha macho e a fêmea ou qualquer coisa assim...
-Vocês o que?!
-Que foi seu, puto? Tava pegando ela? Hehe
-Arghhh.
Num sopro, Batman saltou do prédio e caiu na escuridão de Gotham.

2 horas depois Batman estava quebrando a espinha de Bárbara Gordon, enchendo os pacientes do Asilo Arkham de porrada e assistindo vídeo pornô gay na internet.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Enquanto se beijavam, no ponto de ônibus, debaixo da luz amarelada do poste público, destacando os dois da noite da cidade; ela não pensava que o trabalho na loja era uma merda, nem que não sabia o que fazer com vida. Pensava apenas no instante , nele, no cara por quem ela procurava.

Enquanto se beijavam, no ponto de ônibus, com pessoas estranhas em volta, o barulho de ônibus roncando nas ruas perdidas no escuro pela exceção da luz de um poste; ele pensava que ela podia parecer, mas não era aquela que perdera.

domingo, 11 de abril de 2010

Next level

Joe enfrentava um ogro que soltava fogo pela boca. Para vencê-lo, era necessário além de desviar das bolas de fogo mortais, pular para cima de uma plataforma móvel, conseguir pegar algumas das pedras que caiam inexplicavelmente do céu e as tacar na cabeça do ogro. Isso fazia parte do dia-a-dia de Joe. Isso e pular sobre buracos, brigar com pessoas desconhecidas, coletar moedas e salvar princesas. Joe jogou uma pedra especialmente grande no monstro e terminou o serviço. Suspirou aliviado, enquanto moedas se espalhavam onde antes havia um cadáver. Você deve achar que Joe adora a adrenalina de uma vida arriscada, mas não. Ele odiava tudo aquilo. As vezes ele queria só ficar ali, parado, curtindo a paisagem ou voltar para casa e para sua família. O problema é que parecia haver uma força o atraindo para aventuras. Uma hora estava comendo café da manhã, lendo o jornal. Outra, estava enfrentando um gorila biônico, com uma espada sagrada na mão direita e uma princesa gorda na mão esquerda falando em como o reino dela o recompensaria. Bem, geralmente o reino dela estava muito feliz que ela estivesse com um monstro, em vez de na cidade gastando o dinheiro dos impostos com pôneis e chás de cogumelo.
Era hora de dar um basta naquilo! Recuperar o controle. Joe decidiu que não faria nada dessa vez. Sentou-se e ignorou os comandos na sua cabeça que o mandavam seguir em frente e pegar moedas. Ignorou, com muito esforço, até os pensamentos de pular em cima de uma criatura indefesa que passeava tranquilamente pelo gramado. Trincou os dentes e suou quando um coração valendo uma vida extra apareceu na sua frente. Tentou se concentrar no fato de que uma vida já dava trabalho demais.
O que se provou mais do que certo ao ver um pterodátilo de duas cabeças aterrissar na sua frente. Uma das suas cabeças segurava uma princesa em suas mandíbulas. Joe olhou para o outro lado, fingindo não o ver.
-Hey você.-chamou o pterodátilo
-quem, onde?
-Aqui ó. Capturei a princesa.
-Socorro- disse a princesa – Me ajude! Estou 2 dias sem passar creme e a minha pele está ressecando.
-E daí, que que vocês querem?- resmungou Joe.
O pterodatilo não era muito bom para pensar em coisas, senão estaria em outro trabalho. A única resposta boa que lhe veio a mente foi:
-Bem, sabe como é... eu capturei a princesa.
-Que bom para você.
-Então vamos brigar até a morte? Só não me segure pelo rabo está bem. É o meu ponto fraco.
-Lamento, ninguém vai segurar o rabo de ninguém.
-Que!-exclamou o pterodátilo
-Que!-exclamou a princesa.
Joe mudou de posição para não encarar os dois. E sorriu para a liberdade de fazer nada.

Sentado no chão do quarto, os dedos apertando todos os botões coloridos e girando todos os direcionais do controle, Luis não entendia o porquê de seu boneco não estar fazendo simplesmente nada. Era como se ver no espelho. E o jogo era novo e parecia rodar normalmente, fora o seu boneco, sentado ali, prestes a tirar um cochilo.
-Se mexe, caralho?-clamou em desespero.
-Não, obrigado.-falou Joe, do ecran da televisão.
-Peraí, você fala?
-Quando eu não estou matando algum monstro, sim. Também sei cantar muito bem. Gostaria de ouvir “hey Jude.”?
-EU... por que você não está me obedecendo?
-Na na na na nananaaaaaaaaaaa! Nanananaaa Hey Jude!
-Peraí!
-Olha, eu não obedeço a ninguém ta legal. Se você quer viver aventuras, vai fundo! Eu quero aproveitar o ótimo dia que faz hoje.
-Ai aii! Mas jogar vídeo game é tudo o que eu faço. E a gente já tava zerando o jogo.
-Bem, eu já vi o final algumas vezes. Não é muito recompensador. Só te dão os parabéns e entra uma tela preta.
Luis deixou o controle cair de suas mãos frouxas. Estava vencido pelo próprio personagem. Sentiu-se reduzido a menos dimensões do que um jogo de 8 bits e ficou todo encolhido em sua cadeira. Teria que começar a sair de casa agora e talvez até falar com as garotas. Que fim cruel!
-Hey, jude, don’t make it bad –cantou Joe, tentando animá-lo. Luis permaneceu em silêncio. Joe continuou. -Take a sad song and make it better…
-remember to let her into your heart…- soou baixinho a voz sem ritmo e esganiçada de Luis.
-Then you start...
-and make it better.- completou Luis
E juntos eles cantaram: NA na NA NANANANAAAAAA na nA nAAAA Hey jude!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Uma pessoa mentindo para si é um louco.
Duas pessoas mentindo uma para outra é um casamento.
Dolze pessoas mentindo, uma religião.
E muitas pessoas mentindo entre si, uma sociedade.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Geração rebelde

-Te odeio te odeio te odeiÔ!


Lis queria ter atitude Rock’n’Roll e para tanto precisava de uma guitarra Tajima, R$ 1.000,00; um conjunto de roupas da loja Punk Stytlos por R$300,00; um acidente geográfico na cabeça feito com uma tesoura enferrujada por R$400; R$ 2.000 de piercing no umbigo, ouvido, boca e –ainda não decidira – nos mamilos ou na vagina ; e – esse detalhe guardou para si- sexo com caras que tomam drogas injetáveis.


A mãe, que era mais um peão nas mãos do sistema, disse não.