segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Depois de 30 anos morando na mesma casa, família se encontra pela primeira vez.

Aconteceu na tarde de ontem, na casa dos Sousa e Lima em Copacabana, quando assaltantes invadiram o local. Os membros da família, Anderson, 60 anos; sua mulher, Maria, 58 anos, e seus dois filhos, foram abordados cada um em seu aposento e levados ao banheiro, onde, incrédulos se encontraram, como estranhos que ficam presos no elevador.
"A primeira coisa que eu fiz quando vi minha mulher e meus filhos foi tentar acertá-los com uma vassoura", diz Anderson dando um riso junto dos seus filhos, "pensei que fossem bandidos também". O filho mais velhos mostra a cicatriz onde a vassoura lhe acertou em cheio e adiciona, "Até ontem eu pensava que havia nascido no quarto sozinho como um messias, mas fico feliz por ter um pai... E uma herança!"
Há 30 anos atrás Anderson e Maria se casaram após se verem sem mais nada para fazer. Passaram um dia no mesmo quarto, mas após muitas brigas para ver quem ficava de qual lado da cama, decidiram cada um ir para um quarto da casa. Ao ser perguntado sobre como fora a gravidez, Maria respondeu, "Só lembro de ter pedido para a empregada arranjar um lugar melhor para guardar as crianças. Elas faziam muito barulho! Fico feliz em ver que eles se tornaram homens!"
Os assaltantes levaram boa parte dos objetos da família, mas Anderson de Sousa e Lima não pretende prestar queixa, "Estamos ocupados em nos conhecer e brigar."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Quando criança, criei um amigo imaginário
que a puberdade levou e deu lugar a namorada imaginária
o tempo passou
veio o emprego imaginário, a casa imaginária, o casamento imaginário
até que na cadeira perto da janela do quarto, com os olhos entre rugas,
contemplo tudo o que sobrou: uma vida imaginária.

sábado, 5 de setembro de 2009

À luz do Sol, todos são tolos

Um garoto estava na calçada da rua. Aliás, era um garoto negro que estava na calçada da rua. E não somente isso. Era um garoto negro e sem camisa e ele estava na calçada da rua. Um senhor de idade e gorduras avançadas passou por ele, mas não sem um relance de olhares cruzados. A 1 metro dali, o senhor parou. O Sol quente batia forte em sua boina marrom e precisou pegar um paninho no bolso para tirar o suor do rosto. Mirava o garoto negro sem camisa que se distraia com os seus pés. Foi se aproximando até a sua sombra se sobrepôr ao menino que enfim lhe deu atenção, e viu a mão cheia de dobras trazer uma nota de R$ 2,00. Os olhinhos piscaram e a cena ficou paralizada, dando o velho o mote para para a cena seguinte.
-Aqui. É para você comer. - disse com um sorriso e um balançar da nota.
A boca do outro abriu para dizer algo, mas fechou no segundo seguinte, pegando os 2 reais. O velho contente deixou o garoto negro sem camisa e se foi feliz consigo mesmo. Feliz ao ver que, para o mundo der certo, apenas bastava um pequeno gesto de fé como o dele. Que homem era!
O garoto negro sem camisa é que não entendia muito bem. O dia começara bastante chato com a sua mãe proibindo de jogar video game, de modo que foi ver se encontrava alguns dos amigos na rua. É claro não encontrou ninguém porque todos estão nos seus devidos computadores ou video games. Não viu nenhuma opção a não ser ficar na calçada olhando as pessoas passarem. Tirando a camisa por causa do calor. Quem diria? Com dois reais dava até pra ir numa lan house.