Pousou um passarinho na varanda do meu apartamento. Ele olhava para a sala branca, onde eu estava sentado. Eu olhei para ele, marrom raido de preto, sempre balaçando a cabeça enquanto analisava o que via. Percebendo que ali não havia terra, nem minhoca, nem fruta pra comer, empinou o bico, deu as costas e voou embora, para onde tivesse árvore. Fosse uma mansão, provável que fizesse o mesmo gesto. Há algo de triste em saber que passarinhos não entram em nossas casas se não for por acidente. Na minha sala, eu fiquei mais ciente do vazio que ocupava.
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Ser uma pessoa bonita é o principal exemplo de complementação entre teoria e prática. Primeiro você observa o que é uma pessoa bonita, há uma série de revistas e vídeos que dizem o que é, o que come, o que diz e ainda mostram esquemas elaborados do design de uma pessoa bonita. Entendido a teoria e o funcionamento da pessoa bonita, é hora de colocá-los em prática repetindo tudo o que aprendeu, até soar natural, e realizar as devidas mudanças no corpo adicionando e retirando aparelhagens da anatomia. Assim, em pouco tempo se é uma pessoa bonita.
Agora, ser um indivíduo é que não dá para entender. Só sendo mesmo.
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Mesmo cagando no banheiro não estou sozinho. Não que tenha alguém com fetiche de me ver cagando. Falo da conversa que a gente tem consigo mesmo. A voz a falar na minha cabeça. Uma voz similar a minha, tecendo planos, fazendo críticas, discursando. O que as pessoas falavam para si quando não havia linguagem?
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