Após descer 10, 12, sei lá tantos círculos do inferno
Dante chega diante de uma porta e um diabo de terno
que lhe pergunta
-Posso ver seu ingresso?
-Mas como assim?!
-Estou lhe dizendo, não fique possesso, mas para entrar aqui terá que ter mais do que rimas, sim.
-Que despropério! Pois já lhe dei uma alma que vale mais que um império?!
-Exagero de sua parte. Poesia ruim não dá nem pro embate.
Quando ia reclamar e um verso declamar
Surge Fausto, no seu encalço
Aperta a mão do demônio sorridente e adentra garboso o recinto.
Irritado Dante levanta a calça e seu cinto
E mostra ao demonio os trincados dentes.
-Pois Fausto não precisa de ingresso?
-É amigo de Mefistófeles, patrão perverso.
-Que situação mais ingrata!
-Vá-se embora para Passárgada
-Como?
-Hã... Omo?
O demônio encara Dante
Dante encara o demônio
Será esse o fim de suas aventuras
Dar meia volta e procurar sua turma?
Foi aí que teve uma idéia
-Estudioso que sou, possou lhe servir de advogado.
Depois de ouvir toda a epopéia,
O chifrudo aceitou, depois de se fazer de rogado.
Foi assim que surgiu o advogado do diabo
***
A porta se abriu e a sombra caiu
O ar abafado pelo murmurinho agitado
Até onde será lhe teria levado o seu fado?
Mas luzes se fizeram, coloridas
Iluminando os rostos e formas fantásticas
E Dante pensou "acho que eles precisam de plásticas"
Então soaram do inferno as trombetas.
Fecharam-se bocas, presas e sugadores
Era hora de todos os pecadores
Esquecerem suas vendetas
para ouvir "Agradecemos sua presença: monstros, senhoras e senhores!
Escutem e sejam bem vindos ao Mundo Inferior!"
Guitarra para balançar as garras
Trompete para matar o cara na frente de topete
Bateria para uma batida a ser acompanhada com difteria
Baixo para pôr fim ao hiato
Entre a vida e o pós-morte
Dante havia encontrado um show no fim, que sorte.
Um comentário:
Fiquei imaginando vc fazendo toda a encenação, levantando calça, trincando os dentes, vc é o máximo.
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