Parado no vão da porta meu irmão vem anunciar:
-Você vai ser padrinho.
-Quer dizer que vou ter o direito de escolher uma mulher no casamento para levar para cama?
-Você vai ser padrinho, não rei medieval.
-Ah. Então o que o padrinho faz?
-Só fica parado lá, de terno.
-E eu não posso ficar aqui só?
Após ele detalhar mais o meu papel, ou mais precisamente a forma peculiar de fazer nada, entendi que padrinho será o mais próximo de um cargo político que chegarei. Ambos usam terno, ambos fazem nada. Com exceção do padrinho ao menos comparecer a plenária.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
O analista sincero
-Então, você quer dizer que o motivo pelo qual eu não consigo ser bem sucedido na vida e de não ter autoconfiança é porque...
-Você é um idiota.-diz o analista sentado de pernas cruzadas em sua poltrona.
A fala dá lugar ao silêncio constrangedor só quebrado pelas anotações do analista em seu bloquinho.
-Hum- tento de novo- Assim, eu meio esperava que você fosse dizer que eu tenho um problema comum que pode ser muito bem superado. Que não há nada de errado comigo...
-Ah não não. – ele balança a cabeça – Veja bem, você é um completo idiota. Não há nada que eu posso fazer.
-Eu... eu não sei nem o que falar.
-E eu nem esperava isso.-concorda o doutor, sem parar de anotar no seu caderninho- na verdade, meu caro, eu me surpreendo até que você consiga juntar palavras.
-Não acha que está sendo meio grosso? Quer dizer, eu não o pago para falar mal de mim.
O doutor pára de escrever e olha para onde estou. Ele ajeita os óculos e eu, em provocação, ajeito os óculos com mais força. A coisa toda não surte o efeito desejado e acabo machucando os meus olhos.
-Que bom que você tocou nesse assunto. – ele diz - A partir de agora as consultas serão mais caras.
-Mais caras?
-Sim. Um aumento de R$ 1500,00. Pela perda de tempo que você representa.
-Isso é um absurdo. Isso dá...- Penso um pouco – Muito.
-R$ 4.800,00. Não gaste os últimos neurônios à toa.
Eu levanto.
-Gasto os meus neurônios como quiser, menos com uma terapia vagabunda dessas.
-Tudo bem, tudo bem. Você faz o que quiser. Mas eu aconselharia se tacar do alto de um prédio. Até logo!
-Você é um idiota.-diz o analista sentado de pernas cruzadas em sua poltrona.
A fala dá lugar ao silêncio constrangedor só quebrado pelas anotações do analista em seu bloquinho.
-Hum- tento de novo- Assim, eu meio esperava que você fosse dizer que eu tenho um problema comum que pode ser muito bem superado. Que não há nada de errado comigo...
-Ah não não. – ele balança a cabeça – Veja bem, você é um completo idiota. Não há nada que eu posso fazer.
-Eu... eu não sei nem o que falar.
-E eu nem esperava isso.-concorda o doutor, sem parar de anotar no seu caderninho- na verdade, meu caro, eu me surpreendo até que você consiga juntar palavras.
-Não acha que está sendo meio grosso? Quer dizer, eu não o pago para falar mal de mim.
O doutor pára de escrever e olha para onde estou. Ele ajeita os óculos e eu, em provocação, ajeito os óculos com mais força. A coisa toda não surte o efeito desejado e acabo machucando os meus olhos.
-Que bom que você tocou nesse assunto. – ele diz - A partir de agora as consultas serão mais caras.
-Mais caras?
-Sim. Um aumento de R$ 1500,00. Pela perda de tempo que você representa.
-Isso é um absurdo. Isso dá...- Penso um pouco – Muito.
-R$ 4.800,00. Não gaste os últimos neurônios à toa.
Eu levanto.
-Gasto os meus neurônios como quiser, menos com uma terapia vagabunda dessas.
-Tudo bem, tudo bem. Você faz o que quiser. Mas eu aconselharia se tacar do alto de um prédio. Até logo!
sábado, 15 de maio de 2010
Modo pseudo-intelectual ativar
Objeto de arte é um erro de sintaxe. Arte é sempre sujeito e nós somos o seu predicado.
Paassem-me o Nobel agora.
Paassem-me o Nobel agora.
domingo, 9 de maio de 2010
Uma parada na estrada. O que ficou para trás e o que há adiante.
Vocês sabem que dia é hoje? Não estou falando de dia das mães aqui! Como se elas tivessem importância. Todo mundo sabe, o trabalho do parto é mais do filho de sair do que da mãe de tirá-lo. Francamente, deixemos o puxa-saquismo materno e a propaganda para a televisão. Hoje, 9 de maio de 2010, faz exatamente 3 anos que, com um alguns clicks, esse blog foi criado.
Desde então, muitas pessoas tiveram o prazer de ler os meus contos e me xingarem nos comentários. Muitas dessas pessoas curiosamente desapareceram em cinscunstâncias estranhas e nunca mais foram encontradas. Como a justiça averiguou, e quero frisar bem isso, eu não tenho nada a ver com tais casos infelizes, mas espero que todos aqueles que proferiram algo contra a minha genialidade estejam sofrendo bastante.
Não sou de falar de aniversário de blog, tanto que nos anos anteriores nunca fiz nenhuma menção. Porém, me considero feliz por continuar a escrever por tanto tempo, independente da qualidade dos textos. Na terceira série, época de cavaleiros do zodíaco na manchete e mulheres se esfregando na banheira do Gugu, eu era o sujeito mais apagado da sala de aula. Não havia nada que fizesse me destacar, a não ser a vez que eu levei uma borrachada na cara e fiquei com os lábios comicamente inchados. Infelizmente, a fama durou pouco. Deixei de ser astro, quando o meu rosto virou evidência da baderna que acontecia na sala de aula. De qualquer forma, ser acertado por uma borracha todos os dias não era o tipo de vida que eu queria seguir. Houve, contudo, um acontecimento que me deixou muito mais orgulhoso e que eu poderia mostrar para os meus pais e não para um médico. Uma história minha fora elogiada pela professora de português.
Geralmente, na escola, mandam a gente sempre fazer uma dissertação, segundo as extremamente detalhadas instruções de que uma boa redação tem início, meio e fim. Essas instruções só não são melhores do que as dadas por revistas femininas de como um homem deve ser: inteligente, porém selvagem; tímido, mas meio canalha; ser bom de cama e bom de conversa. É interessante notar que nem as minhas redações era boas nem hoje eu sou um bom homem. A vida... Concentração! Então, naquele ano em particular, a minha professora pediu para os alunos fazerem algo diferente. Não lembro se deu um tema livre ou algo no estilo "como fora as suas férias". Só sei isso: podia ser narrativo, se quisesse. Eu escrevi uma ficção sobre as festas de minha família, principalmente focando nas bebedeiras. O protagonista era, claro, eu; que tinha de me desviar das selvas de garrafas de cerveja. A antagonista: uma paródia de uma tia minha, um tanto neurótica e depressiva. Ela dava entonação a uma coversa banal sobre as condições do tempo, como se fosse um problemão. Dias nublados eram o apocalipse caindo sobre o mundo. Dei-lhe o nome ficcional de Carmemi.
Entreguei a obra-prima e, algumas semanas depois, já estava corrigida. Em frente a todos os alunos, a professora pegou o calhamaço de folhas, com diferentes exemplares de caligrafia, e falou que gostaria de ler em particular a redação de Társio Abranches.
-Társio está? Társio? - chamou ela.
Fodeu. Com certeza, devia ter feito algo errado. Havia ofendido a professora cuja mãe ou outro parente devia se chamar Carmemi. Ou talvez fosse para escrever sobre a violência no Brasil em forma de poesia e não uma ficção. Me encolhi na carteira e recorri ao truque de se esconder atrás das costas de alguém. É, óbvio, isso não funciona muito bem quando várias cabeças se voltam para você. Finalmente, levantei timidamente a mão como se brincasse daquele jogo no qual se entende as palmas para que o outro tente acertá-las com uma bofetada.
A professora deu início a uma breve explicação geral sobre o que tratava a minha história. Patético foi a palavra que percorreu os meus pensamentos. Como podia ter escrito uma babaquice daquelas? Eu seria exemplo para sempre do que não se deve fazer em uma redação. Talvez se dissesse ter copiado a redação de um outro estudante, eu poderia ficar eternizado para sempre como um plagiador. Parecia melhor do que errar naqueles dias. Enquanto eu bolava um esquema, a professora começara a ler em voz alta. Esperava ouvir as vaias, garotos gritando seja lá o que garotos gritavam naqueles tempos. Com certeza algo mais ofensivo do que "orelha de burro e cabeça de ET". Estava errado. Em vez de condenações, ouvi alguns risos de divertimento e o parabéns da minha professora. O primeiro parabéns que eu recebia genuinamente por algo de minha criação. Colegas vieram até falar comigo depois sobre a tia Carmemi, me perguntando de onde eu a havia tirado. Oras, não se explica genialidade, meus caros. Fiquei muito contente comigo mesmo naquela hora. Do mesmo jeito, fico contente ao postar um conto no blog ou ao fim de um roteiro escrito depois de muito enrolar.
Espero manter ainda o Devaneios Inúteis por muito tempo. Existe um mago chamado Rincewind nos livros de Terry Prechett que não consegue fazer uma magia sequer. Ele foi expulso da Univerdade Invisível e mesmo assim corre(ou foge seria a palavra certa) o mundo com um chapéu púido que ostenta a palavra mago escrita. Muita gente duvida dele. E a um deles Rincewind diz: "Dom só define o que se faz. Não define o que se é. No fundo. Quando a gente sabe o que é, pode tudo."
Por mais disfarces que eu tenha de usar para sobreviver nessa vida, quero sempre saber quem sou e ter a força para contar as minhas bobas histórias de uma mente nada brilhante aqui.
Agradeço a todos que leram e comentaram e aos que leram e não comentaram! Muito obrigado.
Desde então, muitas pessoas tiveram o prazer de ler os meus contos e me xingarem nos comentários. Muitas dessas pessoas curiosamente desapareceram em cinscunstâncias estranhas e nunca mais foram encontradas. Como a justiça averiguou, e quero frisar bem isso, eu não tenho nada a ver com tais casos infelizes, mas espero que todos aqueles que proferiram algo contra a minha genialidade estejam sofrendo bastante.
Não sou de falar de aniversário de blog, tanto que nos anos anteriores nunca fiz nenhuma menção. Porém, me considero feliz por continuar a escrever por tanto tempo, independente da qualidade dos textos. Na terceira série, época de cavaleiros do zodíaco na manchete e mulheres se esfregando na banheira do Gugu, eu era o sujeito mais apagado da sala de aula. Não havia nada que fizesse me destacar, a não ser a vez que eu levei uma borrachada na cara e fiquei com os lábios comicamente inchados. Infelizmente, a fama durou pouco. Deixei de ser astro, quando o meu rosto virou evidência da baderna que acontecia na sala de aula. De qualquer forma, ser acertado por uma borracha todos os dias não era o tipo de vida que eu queria seguir. Houve, contudo, um acontecimento que me deixou muito mais orgulhoso e que eu poderia mostrar para os meus pais e não para um médico. Uma história minha fora elogiada pela professora de português.
Geralmente, na escola, mandam a gente sempre fazer uma dissertação, segundo as extremamente detalhadas instruções de que uma boa redação tem início, meio e fim. Essas instruções só não são melhores do que as dadas por revistas femininas de como um homem deve ser: inteligente, porém selvagem; tímido, mas meio canalha; ser bom de cama e bom de conversa. É interessante notar que nem as minhas redações era boas nem hoje eu sou um bom homem. A vida... Concentração! Então, naquele ano em particular, a minha professora pediu para os alunos fazerem algo diferente. Não lembro se deu um tema livre ou algo no estilo "como fora as suas férias". Só sei isso: podia ser narrativo, se quisesse. Eu escrevi uma ficção sobre as festas de minha família, principalmente focando nas bebedeiras. O protagonista era, claro, eu; que tinha de me desviar das selvas de garrafas de cerveja. A antagonista: uma paródia de uma tia minha, um tanto neurótica e depressiva. Ela dava entonação a uma coversa banal sobre as condições do tempo, como se fosse um problemão. Dias nublados eram o apocalipse caindo sobre o mundo. Dei-lhe o nome ficcional de Carmemi.
Entreguei a obra-prima e, algumas semanas depois, já estava corrigida. Em frente a todos os alunos, a professora pegou o calhamaço de folhas, com diferentes exemplares de caligrafia, e falou que gostaria de ler em particular a redação de Társio Abranches.
-Társio está? Társio? - chamou ela.
Fodeu. Com certeza, devia ter feito algo errado. Havia ofendido a professora cuja mãe ou outro parente devia se chamar Carmemi. Ou talvez fosse para escrever sobre a violência no Brasil em forma de poesia e não uma ficção. Me encolhi na carteira e recorri ao truque de se esconder atrás das costas de alguém. É, óbvio, isso não funciona muito bem quando várias cabeças se voltam para você. Finalmente, levantei timidamente a mão como se brincasse daquele jogo no qual se entende as palmas para que o outro tente acertá-las com uma bofetada.
A professora deu início a uma breve explicação geral sobre o que tratava a minha história. Patético foi a palavra que percorreu os meus pensamentos. Como podia ter escrito uma babaquice daquelas? Eu seria exemplo para sempre do que não se deve fazer em uma redação. Talvez se dissesse ter copiado a redação de um outro estudante, eu poderia ficar eternizado para sempre como um plagiador. Parecia melhor do que errar naqueles dias. Enquanto eu bolava um esquema, a professora começara a ler em voz alta. Esperava ouvir as vaias, garotos gritando seja lá o que garotos gritavam naqueles tempos. Com certeza algo mais ofensivo do que "orelha de burro e cabeça de ET". Estava errado. Em vez de condenações, ouvi alguns risos de divertimento e o parabéns da minha professora. O primeiro parabéns que eu recebia genuinamente por algo de minha criação. Colegas vieram até falar comigo depois sobre a tia Carmemi, me perguntando de onde eu a havia tirado. Oras, não se explica genialidade, meus caros. Fiquei muito contente comigo mesmo naquela hora. Do mesmo jeito, fico contente ao postar um conto no blog ou ao fim de um roteiro escrito depois de muito enrolar.
Espero manter ainda o Devaneios Inúteis por muito tempo. Existe um mago chamado Rincewind nos livros de Terry Prechett que não consegue fazer uma magia sequer. Ele foi expulso da Univerdade Invisível e mesmo assim corre(ou foge seria a palavra certa) o mundo com um chapéu púido que ostenta a palavra mago escrita. Muita gente duvida dele. E a um deles Rincewind diz: "Dom só define o que se faz. Não define o que se é. No fundo. Quando a gente sabe o que é, pode tudo."
Por mais disfarces que eu tenha de usar para sobreviver nessa vida, quero sempre saber quem sou e ter a força para contar as minhas bobas histórias de uma mente nada brilhante aqui.
Agradeço a todos que leram e comentaram e aos que leram e não comentaram! Muito obrigado.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Esconde-Esconde
Você deita. A cabeça encosta no travesseiro. Os olhos se fecham na tentativa de esconder o mundo. Mas o mundo está lá. Você pode ouvir o barulho, os sons de pessoas apressadas, do ranger dos músculos da face de seus pais quando nervosos pensam sobre seu futuro, a terra trilhando a rota em torno do Sol, os dias passando. Você abre os olhos. É barulho demais martelando dentro dos seus ouvidos. Olha para tudo em volta, preso. Procura alguma solução, uma passagem secreta. Você devia ser engenhoso. Devia ser inteligente. Se não for, outros serão e você ficará preso. O desespero o deixa inerte. Estão te ultrapassando. É o que pensa. Você é só mais um desses sonhadores. Uma criança. Por que não é mais responsável? Por que não segura o volante da sua vida? Você deita. A cabeça encosta no travesseiro. Os olhos se fecham na tentativa de esconder o mundo.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Onde tudo termina (ou vá ao show do Mundo Inferior dia 7)
Após descer 10, 12, sei lá tantos círculos do inferno
Dante chega diante de uma porta e um diabo de terno
que lhe pergunta
-Posso ver seu ingresso?
-Mas como assim?!
-Estou lhe dizendo, não fique possesso, mas para entrar aqui terá que ter mais do que rimas, sim.
-Que despropério! Pois já lhe dei uma alma que vale mais que um império?!
-Exagero de sua parte. Poesia ruim não dá nem pro embate.
Quando ia reclamar e um verso declamar
Surge Fausto, no seu encalço
Aperta a mão do demônio sorridente e adentra garboso o recinto.
Irritado Dante levanta a calça e seu cinto
E mostra ao demonio os trincados dentes.
-Pois Fausto não precisa de ingresso?
-É amigo de Mefistófeles, patrão perverso.
-Que situação mais ingrata!
-Vá-se embora para Passárgada
-Como?
-Hã... Omo?
O demônio encara Dante
Dante encara o demônio
Será esse o fim de suas aventuras
Dar meia volta e procurar sua turma?
Foi aí que teve uma idéia
-Estudioso que sou, possou lhe servir de advogado.
Depois de ouvir toda a epopéia,
O chifrudo aceitou, depois de se fazer de rogado.
Foi assim que surgiu o advogado do diabo
***
A porta se abriu e a sombra caiu
O ar abafado pelo murmurinho agitado
Até onde será lhe teria levado o seu fado?
Mas luzes se fizeram, coloridas
Iluminando os rostos e formas fantásticas
E Dante pensou "acho que eles precisam de plásticas"
Então soaram do inferno as trombetas.
Fecharam-se bocas, presas e sugadores
Era hora de todos os pecadores
Esquecerem suas vendetas
para ouvir "Agradecemos sua presença: monstros, senhoras e senhores!
Escutem e sejam bem vindos ao Mundo Inferior!"
Guitarra para balançar as garras
Trompete para matar o cara na frente de topete
Bateria para uma batida a ser acompanhada com difteria
Baixo para pôr fim ao hiato
Entre a vida e o pós-morte
Dante havia encontrado um show no fim, que sorte.
Dante chega diante de uma porta e um diabo de terno
que lhe pergunta
-Posso ver seu ingresso?
-Mas como assim?!
-Estou lhe dizendo, não fique possesso, mas para entrar aqui terá que ter mais do que rimas, sim.
-Que despropério! Pois já lhe dei uma alma que vale mais que um império?!
-Exagero de sua parte. Poesia ruim não dá nem pro embate.
Quando ia reclamar e um verso declamar
Surge Fausto, no seu encalço
Aperta a mão do demônio sorridente e adentra garboso o recinto.
Irritado Dante levanta a calça e seu cinto
E mostra ao demonio os trincados dentes.
-Pois Fausto não precisa de ingresso?
-É amigo de Mefistófeles, patrão perverso.
-Que situação mais ingrata!
-Vá-se embora para Passárgada
-Como?
-Hã... Omo?
O demônio encara Dante
Dante encara o demônio
Será esse o fim de suas aventuras
Dar meia volta e procurar sua turma?
Foi aí que teve uma idéia
-Estudioso que sou, possou lhe servir de advogado.
Depois de ouvir toda a epopéia,
O chifrudo aceitou, depois de se fazer de rogado.
Foi assim que surgiu o advogado do diabo
***
A porta se abriu e a sombra caiu
O ar abafado pelo murmurinho agitado
Até onde será lhe teria levado o seu fado?
Mas luzes se fizeram, coloridas
Iluminando os rostos e formas fantásticas
E Dante pensou "acho que eles precisam de plásticas"
Então soaram do inferno as trombetas.
Fecharam-se bocas, presas e sugadores
Era hora de todos os pecadores
Esquecerem suas vendetas
para ouvir "Agradecemos sua presença: monstros, senhoras e senhores!
Escutem e sejam bem vindos ao Mundo Inferior!"
Guitarra para balançar as garras
Trompete para matar o cara na frente de topete
Bateria para uma batida a ser acompanhada com difteria
Baixo para pôr fim ao hiato
Entre a vida e o pós-morte
Dante havia encontrado um show no fim, que sorte.
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