O ônibus 457 estava cheio e o trânsito ruim, essas coisas do cotidiano... porém, um lugar sentado perto da janela com o vento frio batendo no rosto me dava o necessário para fugir do espaço físico e viajar pelo mundo espiritual, onde eu costumo dar cantadas na carmem miranda. Ela sempre me ignora, mas, também, não posso reclamar muito ao tentar iniciar conversas com um "Hei, pode me ver uma fruta?". De qualquer forma, meu estado de meditação foi quebrado por um garotinho, sentado ,ao meu lado, no colo de uma menina que fazia um sofá sentir vergonha.
-Você vai soltar no Maracanã? -me perguntou, com voz de alguém que estava entediado de toda a viagem.
-Não.
Fiquei animado, alguém tinha falado comigo! E ele não estava fazendo nenhum movimento ameaçador em direção ao meu rosto. Tentei pensar em alguma coisa de interessante para dizer, mas me lembrei logo por que as pessoas não costumam conversar comigo. Nunca tenho nada para dizer. Pelo menos nada que seja coerente e dito numa dicção compreensível. Felizmente, ele se adiantou na conversa.
-Então pra que você pegou esse ônibus se você não vai pro Maracanã? - a voz dele funcionava como uma montanha russa, começava alta e atingia um decréscimo sonoro no final, parecendo um lamento.
-Ora, porque esse ônibus passa por muitos outros bairros. - eu disse com ares de entendedor do assunto. Porque nunca cai uma questão dessas na faculdade?
-Aaahh! esse ônibus balança muito! saco!
Uau! Olhei para o relógio, já havia se passado muitos segundos de conversa. Será que deveria lhe contar sobre o Mundo Inferior e sobre todos os segredos nerds? Não, não é bom apressar as coisas. Deveria lhe ensinar um palavrão melhor do que saco, algo que compreendesse toda a falta de preocupação com os direitos humanos que é a linha 457. Algo como "puta que pariu!caralho!!MOTORISTA , ÔÔ SEU MOTORISTA VIADO!" Mas a mãe do menino, que estava em pé, inspecionava a conversa.
-É por causa das saliências na estrada. -tentei, de novo, dá uma de espertinho.
-Hummm... -pensou o garoto - acho q não.
Havia estragado tudo. Quando o elo de amizade estava prestes a se unir, eu o quebrei. E agora?
-Então... gosta de Bob Esponja? - tentei mais uma vez - Eu tenho o album!
-Não. -disse o pirralho, tirando meleca do nariz. -nessa hora, to conversando com minha namorada no telefone.
-Ah - sim, eu o havia perdido - mas...
-Tá na hora de descer, Rodrigo. -disse a mãe puxando a sua mão. Ele se levantou da Srta. Sofá ambulante e gritou "Finalmente!".
Os vi abrirem caminho pela multidão e passarem pela porta. O ônibus andou, o vento frio soprou no meu rosto desiludido. Alguém cantou uma música um funk triste sobre uma puta que deu os dois homens e descobriu, dps, para seu desespero, q um deles não era católico.
Me virei para a janela e pensei em zoar o Noel Rosa por ele não ter queixo. Tlvz assim a Carmem Miranda me achasse maneiro.
-Você vai soltar no Maracanã? -me perguntou, com voz de alguém que estava entediado de toda a viagem.
-Não.
Fiquei animado, alguém tinha falado comigo! E ele não estava fazendo nenhum movimento ameaçador em direção ao meu rosto. Tentei pensar em alguma coisa de interessante para dizer, mas me lembrei logo por que as pessoas não costumam conversar comigo. Nunca tenho nada para dizer. Pelo menos nada que seja coerente e dito numa dicção compreensível. Felizmente, ele se adiantou na conversa.
-Então pra que você pegou esse ônibus se você não vai pro Maracanã? - a voz dele funcionava como uma montanha russa, começava alta e atingia um decréscimo sonoro no final, parecendo um lamento.
-Ora, porque esse ônibus passa por muitos outros bairros. - eu disse com ares de entendedor do assunto. Porque nunca cai uma questão dessas na faculdade?
-Aaahh! esse ônibus balança muito! saco!
Uau! Olhei para o relógio, já havia se passado muitos segundos de conversa. Será que deveria lhe contar sobre o Mundo Inferior e sobre todos os segredos nerds? Não, não é bom apressar as coisas. Deveria lhe ensinar um palavrão melhor do que saco, algo que compreendesse toda a falta de preocupação com os direitos humanos que é a linha 457. Algo como "puta que pariu!caralho!!MOTORISTA , ÔÔ SEU MOTORISTA VIADO!" Mas a mãe do menino, que estava em pé, inspecionava a conversa.
-É por causa das saliências na estrada. -tentei, de novo, dá uma de espertinho.
-Hummm... -pensou o garoto - acho q não.
Havia estragado tudo. Quando o elo de amizade estava prestes a se unir, eu o quebrei. E agora?
-Então... gosta de Bob Esponja? - tentei mais uma vez - Eu tenho o album!
-Não. -disse o pirralho, tirando meleca do nariz. -nessa hora, to conversando com minha namorada no telefone.
-Ah - sim, eu o havia perdido - mas...
-Tá na hora de descer, Rodrigo. -disse a mãe puxando a sua mão. Ele se levantou da Srta. Sofá ambulante e gritou "Finalmente!".
Os vi abrirem caminho pela multidão e passarem pela porta. O ônibus andou, o vento frio soprou no meu rosto desiludido. Alguém cantou uma música um funk triste sobre uma puta que deu os dois homens e descobriu, dps, para seu desespero, q um deles não era católico.
Me virei para a janela e pensei em zoar o Noel Rosa por ele não ter queixo. Tlvz assim a Carmem Miranda me achasse maneiro.
Um comentário:
esse final ficou foda!
me tirou um sorriso.
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