Eu: Po, o que aconteceu com você? Antigamente você me chamava de amor para cá, amor para lá, era cheia dos carinhos... Mal consigo reconhecer a minha namorada!
Ela: Isso é porque a sua namorada terminou com você há seis meses!
Eu: Você... sempre jogando isso na minha cara.
Ela: Vai ver o que jogo na sua cara daqui a pouco...
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Plano B
Todo brasileiro que chegou ao final da adolescência depois dos anos 2000 sabe: se nada mais der certo, há sempre o concurso público. É o plano B da classe média. Se o negócio genial de vender aspirador de pó para roupas não der certo, você tenta o concurso público. Se a sua carreira como romancista não decolar, você tenta o concurso público. Se não passar no vestibular, você tenta o concurso público. Se ninguém pagar por seu corpo, você tenta o concurso público (ou uma plástica).
Do momento que você acorda até voltar novamente para cama no fim do dia, você passará por dezenas de jornais com anúncios do tipo: "Ministério tal abre tantas vagas para ensino médio, superior, fundamental e para quem sabe fazer cocô na privada". É como se fossem botes salva-vidas esperando para nos conduzir em tempos de tempestade para a tranquila e estável ilha do funcionalismo público, onde se pode sobreviver com salários bons o bastante para manter seus pais afastados.
Esse seria um ótimo plano, realmente, se não fosse quase impossível passar nas provas. O volume da matéria cobrada pela maioria dos editais de concurso é comparável ao antigo e novo testamento juntos, somados a todos os outros livros sagrados escritos até hoje – só que a bibliografia dos editais não contem guerras, vinganças, seres super poderosos, e por isso mesmo, é muito mais chata. O que leva crer que ou os funcionários públicos são seres dotados com a memória e o processamento de um computador da Apple ou há um certo exagero na quantidade de legislações e assuntos cobrados.
Para conseguir dar conta de toda essa informação, as pessoas procuram o auxílio de apostilas, livros, cursos e por vezes mandigas, movimentando todo um mercado criado em cima dos concursos públicos. Elas se tornam concurseiros, desesperadas para pegar seu bote salva vidas e sair do navio que afunda.
O problema é que o navio não deveria estar afundando em primeiro lugar, e ninguém deveria ter que estar no desespero para encontrar uma saída. E, depois, mesmo seguro num bote salva-vidas, para onde ele vai te levar neste vasto oceano? Você pode estar seguro, mas não resgatado.
Do momento que você acorda até voltar novamente para cama no fim do dia, você passará por dezenas de jornais com anúncios do tipo: "Ministério tal abre tantas vagas para ensino médio, superior, fundamental e para quem sabe fazer cocô na privada". É como se fossem botes salva-vidas esperando para nos conduzir em tempos de tempestade para a tranquila e estável ilha do funcionalismo público, onde se pode sobreviver com salários bons o bastante para manter seus pais afastados.
Esse seria um ótimo plano, realmente, se não fosse quase impossível passar nas provas. O volume da matéria cobrada pela maioria dos editais de concurso é comparável ao antigo e novo testamento juntos, somados a todos os outros livros sagrados escritos até hoje – só que a bibliografia dos editais não contem guerras, vinganças, seres super poderosos, e por isso mesmo, é muito mais chata. O que leva crer que ou os funcionários públicos são seres dotados com a memória e o processamento de um computador da Apple ou há um certo exagero na quantidade de legislações e assuntos cobrados.
Para conseguir dar conta de toda essa informação, as pessoas procuram o auxílio de apostilas, livros, cursos e por vezes mandigas, movimentando todo um mercado criado em cima dos concursos públicos. Elas se tornam concurseiros, desesperadas para pegar seu bote salva vidas e sair do navio que afunda.
O problema é que o navio não deveria estar afundando em primeiro lugar, e ninguém deveria ter que estar no desespero para encontrar uma saída. E, depois, mesmo seguro num bote salva-vidas, para onde ele vai te levar neste vasto oceano? Você pode estar seguro, mas não resgatado.
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