A ventania anormal, numa dança com a areia da praia, acertava os dois amantes como um chicote, mas eles não se importavam. Não enquanto as suas mãos estivessem entrelaçadas sob aquele suave Sol da manhã, não enquanto o aroma do mar entrasse em seus pulmões e convergissem como ondas nos beijos apaixonados.
-Mesmo que minha família me deserte, continuarei ao seu lado.- diz o rapaz.
-Mas por quê? –pergunta a moça.
-É porque eu te amo muito, meu bem.
-Eu também te amo, meu bem.
Os dois se abraçaram e em câmera lenta eles aproximaram os lábios. Mas, ao invés do romântico som de um estalo, ouviu-se um silvo agudo e um baque; de repente a areia cobriu tudo. A nave espacial, responsável pela anomalia atmosférica acabara de pousar na praia.
Era esférica, platinada, em resumo, um perfeito clichê. Abriu-se uma cabine no centro da nave e dela, saiu uma alienígena do tipo tradicional que não confia em naves arrojadas, longas, cheias de motores de prótons que exigem rios de dinheiro em efeitos especiais. Ela parecia dar uma nova interpretação à palavra turista, pois apesar de usar aparatos comuns, incluindo aí camisas havaianas, maquinas fotográficas etc., todos eles tinham um ar de que possuíam utilidades muito mais do que as padrões e não duvidaria-se nada se a sua máquina digital fosse capaz de desintegrar uma pessoa.
Olhou, constrangida, para a metade do que sobrou dos corpos do casal e disse:
-Desculpa é meio difícil de estacionar fora de um espaço porto.
Silêncio.
-Hã... será que vocês poderiam me dizer se aqui fica perto da Casa-... –disse, parando para conferir o nome numa prancheta – Casa Branca?
Apensas o som contínuo das ondas.
-Sabe, não existem bons motivos que expliquem falta de educação, ok? – protestou a alienígena ofendida. –Pois saiba que isso vai constar a minha pesquisa!! Passem bem.
Ela escreveu na folha de sua prancheta: “A espécie demonstrou, no primeiro contato, total falta de etiqueta, resultado de um estado evolutivo primitivo. Uma lobotomia talvez seja necessária para mais estudos”. Guardou a sua prancheta num canto da nave, voltou para dentro e fechou bruscamente a escotilha. Em poucos segundos a nave começou a se erguer, equilibrando-se no ar como um esquiador iniciante até que, com uma nova rajada de vento, alçou vôo para outro destino.
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Um pouco Douglas Adams
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